Entre o poder e o amor, a ressurreição como reencontro
Mensagem Oficial de Páscoa – 2025

Na semana passada, contemplamos a entrada de Jesus em Jerusalém. Uma entrada silenciosa e escandalosa. Silenciosa porque não trazia os brados militares de um rei conquistador. Escandalosa porque vinha montado num jumento, ferindo as expectativas daqueles que esperavam um messias de domínio e glória. Foi em Betânia, a cidade da amizade, que ele iniciou esse caminho; mas foi em Jerusalém, símbolo da religiosidade institucional, que a trama do poder se armou contra ele.
Ali, naquele Domingo de Ramos, dois caminhos se abriram — e talvez ainda se abram todos os dias diante de nós. Um caminho conduz à igreja do poder: a igreja que busca o Cristo como meio de controle, como argumento para subjugar, como promessa de glória. O outro caminho conduz à igreja do amor: a dos que, mesmo sem entender tudo, permanecem. Dos que, mesmo diante da cruz, não abandonam. Dos que não ficam porque esperam a ressurreição, mas porque o coração já foi capturado por um amor impossível de retornar ao ponto anterior.
E é por isso que o Domingo da Ressurreição não é o mesmo para todos.
Há os que celebram a vitória como força — como um grito triunfal de que Deus venceu o mundo. Mas há também os que choram o reencontro.
Aqueles que não esperavam mais nada… e, de repente, foram surpreendidos pela presença do Amado.
A ressurreição, para esses, não é uma coroa. É um abraço.
Não é um trono. É a confirmação de que o amor não termina na morte.
Não é o fim de uma guerra, mas o recomeço da esperança.
Cristo ressuscitado não vem nos cobrar fé perfeita.
Ele se apresenta às nossas fraquezas.
Vem até nós com as marcas da paixão ainda visíveis, para que saibamos que amor e dor podem habitar o mesmo corpo.
Que feridas não impedem a glória — e que a glória pode ser simples como um pão repartido ao entardecer.
E então, a pergunta que ecoa neste Domingo de Páscoa é:
Quem éramos nós no Domingo de Ramos… e quem somos agora, neste Domingo da Ressurreição?
Que amor nos move?
Que Cristo seguimos?
O da força ou o da presença?
O da promessa ou o do reencontro?
Que neste domingo, o coração encontre sua resposta.
E que, como Maria no jardim, possamos ouvir nosso nome sendo chamado e saber:
Ele está vivo.
E mais ainda: está conosco.
A maior dádiva da ressurreição não é a prova de que a morte foi vencida.
É a certeza de que o Amor… nunca nos deixou.
Feliz Páscoa!
Ivo Fernandes
Comunidade do SER